quinta-feira, 24 de junho de 2010

Bonsai na Argentina


OBS:esse texto foi desenvolvido por Marita e Sergio para uma publicação espanhola, com a devida autorização, traduzi e estou postando aqui.


Apreciei muito esse texto e acho interessante para nós, brasileiros, conhecermos um pouco mais da cultura do bonsai dos hermanos. Temos em comum, a proximidade dos dois países, a interação de muitos bonsaistas, espécies disponiveis similares e alem disso, a paixão pela arte.
A rivalidade história entre brasileiros e argentinos fica de lado quando a questão é manter e fazer amizades entre bonsaistas e também no intercâmbio de informações. O crescimento no bonsai na América Latina esta numa forma de evolução crescente e forte, juntos, podemos dizer que abaixo da linha do Equador, além de não existir pecado, também existe bonsai de qualidade!
           Bueno, vamos ao texto...
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  Embora não existam registros documentados, podemos supor que a arte do bonsai chegou à Argentina através da imigração japonesa mas, a primeira bonsaista argentina foi Marcelina Kuttnig Serrota, uma lenda no mundo do bonsai. Ela nasceu em 1911, era uma professora, lecionava letras, até que em 1933 descobriu o bonsai e, posteriormente, dedicou sua vida a esta arte e divulgação. A obra de Marcelina é uma conseqüência dos ensinamentos de seu Sensei, Dr. Katsusaburo Miyamoto, um veterinário japonês que conseguiu revitalizar o histórico “Pino de San Lorenzo”. Bonsai na Argentina cresceu aos trancos e barrancos nos últimos anos. Mesmo com dificuldades na obtenção de literatura adequada e os elementos essenciais para a prática desta arte, grupo de seguidores do bonsai cresceu e hoje existem pessoas que se dedicam a essa cultura nas partes mais remotas do país.

Histórico bonsai na Argentina
Toshio Chinen, Hirata San: para todos os argentinos é de longe o maior produtor de bonsai na Argentina. Nascido na cidade de Ozato, na ilha de Okinawa, em 10 de outubro de 1929. Ele para a Argentina em 1963 e em 1964 realizou sua primeira exposição no Nikkei. Muitos bonsaistas argentinos começaram suas atividade impulsionados pela admiração por suas árvores. Seu trabalho pode ter uma visão diferente da vida, entender que podemos ser felizes, mesmo com as coisas mais simples.

Marita Gurruchaga: começou a trilhar o caminho de bonsai como hobby, mas rapidamente percebeu que a prática desta arte é um modo de vida que leva à descoberta de novos aspectos da natureza.
Desenvolveu um intenso trabalho de profesora e participa em várias conferências no país e no exterior, é talvez uma dos principais treinadores da nova geração de bonsai argentino. É parte de várias associações Bonsai. Sua obra "Bonsai Workshop" Editorial Bienvenidas, nos anos de 98,99 e 2000, viajou por toda a América Latina.

Hideo Sugimoto: nascido no Japão, tem 24 anos de magistério, na Argentina, no Jardim Japonês de Buenos Aires, no Jardim Botânico da Faculdade de Agronomia e no Sugi Studio. Treinado no Japão por seu avô e seu pai, foi um assistente durante dois anos do Dr. Katsusaburo Miyamoto, com quem aprendeu a paixão pelas árvores. Juntamente com o Engenheiro Yasuo Inomata realizam o trabalho do Jardim Japonês de Palermo.

Hsiao-Feng Wu e Tseng Tsun John (Patricia): começaram a cultivar bonsai desde que eram crianças, tendo seus pais como professores. Eles foram para a Argentina como turistas, em 1983 e depois de visitar o país tomaram a decisão de ficar. Além de uma grande coleção privada, tem um viveiro de bonsai.
Durante muitos anos, a atividade permaneceu dormente até 2003, quando o bonsai argentino começou a trilhar o caminho para bonsai moderno. A partir deste ano, foram a Argentina: Masaiko Kimura, Takeo Kawabe, Pedro Morales, Kunio Kobayashi, Walter Pall, Carlos Tramujas Eduardo Bettega Canet e Rock Júnior, entre outros artistas. Cada uma dessas visitas, permitiram a abordagem de novas técnicas e normas estéticas atuais.

A nova geração de bonsai
Uma nova geração de bonsaistas avança com uma força avassaladora, jovens e estudiosos que contam com a experiência de quem aprendeu "matando as plantas ", pois não tínhamos referências para consulta. Aliás, agora também com a tecnologia, que permite que em um clique, manter contato com os grandes mestres.
Desde 2003, o Centro Cultural Argentino del Bonsai, organiza o concurso “novos talentos” no centro de bonsai Matsuri.
O primeiro concurso foi vencido por Sebastian Ferlini, um jovem artista da cidade de Rosario. Eduardo Cujo, também de Rosário, levou o primeiro prêmio no segundo concurso. O que é notável é que, a cidade onde os primeiros vencedores são da base do bonsai na Argentina. No ano seguinte foi José Cardozo. Sergio Luciani venceu a terceira edição, Juan José Gabriel Pajón e Brenig nos próximos dois anos.

Jovens Professores
Eduardo Cujó e Sebastian Ferlini regem suas próprias escolas de Bonsai na cidade de Rosario.
Sergio Luciani ministra cursos na Bonsai Studio- viveiro de Marita, que foi sua professora, Sergio é aluno da Escola Europeia de Bonsai dirigido por Salvatore Liporace, demonstrador internacional e lidera o grupo da Escola de Bonsai Shin na cidade de Córdoba.
Argentina, além de ser um membro fundador da FELAB, o comprimento e a largura de seu território, tem um grande grupo de bonsai entre os quais estão: Pablo Filgueira, Joseph Tocci, Capellades Francisco Javier Maure, Alejandro Fernandez, Alejandro Sartori e Marta Capelli.

Bonsai puntoar
Na primavera de 2007, nasceu Bonsai puntoar, uma revista fundada por Marita Gurruchaga e Sergio Luciani, essa publicação aborda a realidade das espécies com as quais trabalhamos. Foi muito bem recebida e rapidamente se espalhou por todos os países da América Latina, e ainda recebe contribuições de artistas locais.

Mesmo, o povo gaúcho tendo muita semelhança com o povo argentino, divergimos em apenas uma coisa...
                          Pelé es mucho mejor que Maradona!
pele-em-entrevista-a-reuters-1269394466806_300x300                                          entende?!

Saludos!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Verdade inconveniente

Quem tiver saco de ler isso, agradeço!

Muitos falam de filosofia do bonsai e o que ela trás para a nossa vida e tal, na teoria é muito bonito, se envolver com bonsai e a filosofia Zen, mas isso é muito pouco praticado pra não falar que NÃO é praticado! Até pouco tempo atrás, ainda tinha essa "esperança" de querer acreditar que a filosofia oriental do bonsai e a mística que a envolve pudesse de fato, amenizar ou melhorar certas circunstancias, que vemos no cotidiano mas, não o faz.  As vezes, achamos que é só aqui que acontece rivalidades e golpes baixos, mas não é só aqui. No mundo todo é assim, é o famoso "campeonato mundial de seres humanos"! Mesmo você não querendo participar ativamente, você participa passivamente. Na Europa é assim, nas Américas é assim, na Oceania é assim e até nos países da Ásia é assim, ou você acha que os bonsaistas japoneses morrem de amores uns pelos outros e aplicam ao pé da letra a tal filosofia generosa do bonsai?! Jamé!
Não é por que uma pessoa faz bonsai que ela é necessariamente "do bem", o bonsai não purifica a alma e a eleva à um plano superior de evolução, pois o ser humano não se encaixa a um universo estranho à sua rotina apenas por ser uma linha de pensamento da arte bonsai...o certo seria mas, não é assim na prática! Somente está no caminho do bem quem faz o bem. Ninguem se transforma para fazer parte de alguma coisa, nem pra bem nem pra mal, apenas continua sendo o que ela é. O instinto humano e os costumes são predominantes sempre, o que pode acontecer é de que a pessoa veja novos horizontes a intermédio do bonsai e faça uma reflexão, solamente assim é viável vislumbrar alguma possível melhora. Tu pode comprar a idéia e trazer alguns ensinamentos para a tua vida, mas isso como fato isolado, não irá lhe dar uma mudança de 180 graus!
Picuinhas, inveja, "trampulinagens", não estão alheios ao bonsai e nem a qualquer outra espécie de grupo de praticantes de atividades de qualquer natureza. O que acontece é que, apenas a pessoa transmite para relação inter-pessoal no universo do bonsai, o seu jeito natural de lidar com as situações no cotidiano. Há de fato, pessoas muito bondosas no bonsai, com espírito nobre de querer ajudar os outros e também há as pessoas desagradáveis (e muitas outras variantes).  É triste? É sim, porém como diria Nelson Rodrigues "é a vida como ela é!" .
Não se iludam com palavras, chavões e discursos falando da nobreza puritana da arte e da filosofia, que quem mexe com bonsai é um ser diferenciado e blá blá blá, não é nada disso!
Coisas que teoricamente andam aliadas ao bonsai, são de fatos grandes virtudes, mas irei frisar novamente, só fazer e não compreender não adianta! São valores que teríamos que ter e que o “bonsai” nos faz lembrar, cabe a quem julgar conveniente, adotar-lo. Lembrando que, se tratando o bonsai como arte, propriamente dita, envolve questões de auto-estima e ego, e cutucar-los é pode ser algo desastroso, a vaidade do ser humano é um terreno pantanoso, muito perigoso e que se tem que andar com cautela.
Para concluir, em qualquer atividade, em qualquer parte do mundo, sempre existirá pessoas boas que irão lhe estender a mão pessoas ruins que só esperam oportunidade de lhe dar uma rasteira. Fico contente em ter encontrado muitas pessoas boas que me ensinaram e que à mim dedicam amizade e certamente isso é recíproco. Faça bonsai e viva bonsai, não deixe que a relação com certas pessoas o desmotive! Faça bonsai pra você!

Saludos!